Diferença Entre Birra e Crise

Você consegue perceber a diferença entre birra e crise? Quem nunca viu uma criança em uma loja, ou em um supermercado se jogando no chão, chorando ou fazendo um verdadeiro escândalo e pensou.“nossa que criança chata, mimada, sem limites”.

Acontece, que nem sempre essa criança está fazendo isso propositalmente, algumas pessoas sofrem de uma condição chamada transtorno do processamento sensorial (TPS). Esse transtorno, muito comum em crianças com transtorno do espectro autista (mas também pode aparecer em indivíduos sem esse diagnóstico). É uma condição a qual o cérebro e o sistema nervoso central, não conseguem processar os estímulos sensoriais do ambiente.

Quando a pessoa com TPS, é exposta a muitos estímulos ao mesmo tempo. O sistema nervoso entra em uma espécie de desorganização sensorial e como resposta, essa criança começa a gritar, se bater, se jogar no chão, e etc. E por isso, é comum as pessoas ao redor confundir a crise com birra.

Quando saber se é birra ou crise?

Apesar dos sinais serem os mesmos, os motivos para criança fazer birra ou ter uma crise são totalmente diferentes, e perceber quando isso acontece e como a criança responde ao que acontece no ambiente faz toda a diferença.

  • Birra: As birras acontecem de modo voluntário, ou seja, a criança escolhe usar esse tipo de comportamento para atingir um objetivo específico. Por exemplo: Ela quer uma bolacha antes do almoço e ao receber o não, ela começa a chorar e a gritar, e essa birra acaba quando ela consegue o que quer ou quando percebe que esse tipo de comportamento não vai levar ela ao seu objetivo, que no caso desse exemplo é ganhar a bolacha.
  • Crise: As crises ocorrem quando a criança recebe uma carga muito alta de estímulos (pode ser um cheiro forte, um som muito alto, luzes, o toque de alguma textura). E em resposta a essa sobrecarga sensorial, a criança começa a se bater, chorar, gritar. Mas a diferença é que nesse caso, ela não controla quando essa desorganização começa e nem quando acaba. E essa crise só acaba quando uma outra pessoa ajuda ela se acalmar ou quando ela chega ao seu esgotamento físico. 

Como lidar com a birra e a crise?

Para lidar com a birra, converse com o seu filho e explique o motivo do porque naquele momento ele não pode ter o que ele deseja. Por exemplo: Filho, agora você não pode comer essa bolacha pois já vamos almoçar, mas depois do almoço você pode comer ela de sobremesa. Se a criança estiver gritando, abaixe-se na altura dela e diga: Com você assim eu não consigo e entender, vou esperar você ficar mais calmo para a gente conseguir conversar. 

Para lidar com a crise, tente levar a criança para um ambiente mais calmo e com menos estímulos sensoriais, mas não tire a criança usando a força física ou gritos, isso pode agravar a crise. Fale de modo calma e sente-se ao lado da criança, nesse momento ela precisa de apoio para conseguir se acalmar.

Entendendo o Autismo

O Autismo, é uma condição médica, que afeta o desenvolvimento global da pessoa. O déficit na comunicação, socialização e comportamento são as principais áreas afetadas no autista, porém, cada sujeito tem a sua particularidade. Nos dias atuais sabe-se que não existe apenas um tipo de autismo e sim vários, e,  por essa razão o nome técnico para essa condição é: Transtorno do Espectro Autista (TEA).

QUAL A CAUSA DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Apesar dos constantes estudos, ainda não se sabe ao certo qual é a causa do TEA, entretanto, pesquisas apontam cada vez mais para a genética. Segundo estudo realizado em 2019 os fatores genéticos é o que mais tem se mostrado determinante para a causa do autismo, (é estimado que 97% a 99% dos casos são genéticos, sendo que, 81% é de causa hereditária).

Contudo, alguns estudos mostram que fatores ambientais, como: exposição a toxinas e medicamentos pela mãe durante a gravidez, idade avançada dos pais durante concepção, e complicações no parto e pós parto. podem ter influência significativa.

Sendo assim, podemos dizer que até o momento, estudos apontam que  a causa do autismo é uma combinação de fatores ambientais e genéticos.

TIPOS DE AUTISMO

O manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM, classifica o Transtorno do Espectro Autista em 3 subtipos:

  • Leve – O sujeito apresenta algumas limitações mas tem alta funcionalidade e consegue trabalhar, estudar e ter relacionamentos.
  • Moderado – A pessoa com grau dois tem uma média funcionalidade e precisa de um cuidado mais próximo, pode demonstrar um pouco de dificuldade em atividades do dia-a-dia como tomar banho e se vestir.
  • Severo – Tem baixa funcionalidade e grande dificuldade para se comunicar e realizar atividades comum, é comum que a pessoa com TEA grau 3 precise de apoio especializado pelo longo de sua vida.

SINTOMAS

  • Pouco contato visual, quando bebê não olha para a mãe durante a amamentação
  • Choro ininterrupto e sem motivos aparente;
  • Risada inapropriada;
  • Isolamento social;
  • Brinca de maneira incomum com os brinquedo;
  • Movimentos repetitivos com as mãos, tronco ou cabeça;
  • Hiperfoco com determinados assuntos e/ou objetos (pode gostar muito de carro, dinossauro, números);
  • Agressividade;
  • Empatia;
  • Interesse por objetos giratórios e pode ficar girando em volta de si mesmo;
  • Incômodo com estímulos sonoros;
  • Seletividade alimentar;
  • Atraso na aquisição da fala;
  • Dificuldade para entender piadas e ditados populares;
  • Não lida bem com mudanças de rotina;
  • Pode apresentar problemas de aprendizagem.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico é feito por um médico Psiquiatra ou Neurologista, apesar de ser feito por análise clínica o médico pode pedir exames de sangue, imagem e entre outros para descartar outras comorbidades.

Quanto mais cedo for feito o diagnóstico melhor o prognóstico do paciente, apesar do TEA não ter cura, o acompanhamento profissional precoce aumenta a qualidade de vida, independência e autonomia da pessoa autista.

O tratamento é feito com um equipe multidisciplinar que envolve: Psiquiatra e/ou neurologista,fonoaudiólogo, psicólogo, neuropsicólogo,terapeuta ocupacional, psicopedagogo, além da parceria com a família e a escola.