A diferença entre a fala e linguagem

É comum algumas pessoas acharem que fala e linguagem são a mesma coisa. Porém, apesar de parecer, cada uma tem suas características e saber sobre elas é importante para acompanhar o desenvolvimento da comunicação da criança. E é sobre esse tema que vamos falar no artigo de hoje: A diferença entre a fala e a linguagem.

A diferença entre fala e linguagem

Fala: Chamamos de fala a comunicação produzida de maneira verbal. Para  que ela ocorra de maneira eficaz, é necessário que os componentes de fala estejam funcionando bem. São eles:  Articulação da fala, coordenação motora dos órgãos da fala e fonologia.

  •  Articulação dos sons (fonética): Quando o ar sai de nossos pulmões, ele passa pela nossa laringe, movimenta as pregas vocais, e, ao chegar na nossa boca, esse ar é articulado pelos lábios, pela língua, pela bochecha, pelos dentes, pela cavidade nasal e pelo véu palatino (popularmente conhecido como “céu da boca”). Por meio dessas movimentações, somos capazes de produzir os sons e falar.
  • Coordenação de movimentos dos órgãos responsáveis pela fonação (práxis): Cada som que emitimos pela boca é produzido por um movimento diferente. Assim, quando pronunciamos um fonema (ou seja, quando pronunciamos o som de uma letra), até mesmo a quantidade de ar que soltamos faz diferença no som produzido. Para que a fala ocorra de forma correta, é necessário, então, que os órgãos responsáveis pela produção dos sons estejam se movimentando adequadamente.
  •  Fonologia (componentes de cada língua): Para que a fala de uma pessoa seja considerada eficaz, é preciso que essa pessoa seja capaz de dominar os componentes da sua língua materna. Por exemplo: entender o uso das regras gramaticais, ou produzir corretamente o som de cada letra).

Linguagem:  A linguagem inclui todo o sistema de comunicação do ser humano, seja verbal (fala) ou não verbal (vídeos, fotos, gestos, etc.). É graças a ela que conseguimos nos comunicar através de movimentos do corpo, de expressões faciais, pelo olhar, pela escrita e pela leitura. A linguagem é composta de 6 tipos de componentes: fonológicos, prosódicos, morfológicos, sintáticos, semânticos e pragmáticos.

  • Fonológicos: são os sons de uma determinada língua.
  • Prosódicos: são a entonação e a ênfase usados na transmissão da mensagem.
  • Morfológicos: é a combinação de sons para formar palavras.
  • Sintáticos: é a forma como as palavras são organizadas para formar frases.
  • Semânticos: é o significado e o sentido das palavras.
  • Pragmáticos: é o uso da linguagem, ou seja, a capacidade linguística e não linguística de se comunicar (por exemplo, uso de ironias, duplo sentido, expressões típicas de uma determinada região).

Em resumo, a fala é a nossa capacidade de nos comunicar oralmente, e a linguagem é a capacidade global de comunicação. Ou seja, a fala é uma forma de linguagem, mas a linguagem não é apenas fala.

Para saber se o seu filho está se desenvolvendo bem, é importante se atentar não apenas a fala, mas acompanhar de perto o marcos de desenvolvimento da linguagem e se for observado qualquer atraso, não hesite em procurar um fonoaudiólogo para avaliá-lo 

 

Apraxia de Fala na Infância

A apraxia de fala na infância, é um distúrbio neurológico que tem como principal  característica, a dificuldade motora em planejar e executar os movimentos dos sons da fala.

Apesar de parecer um problema de linguagem, a apraxia de fala é um problema motor, isso porque a criança sabe o que quer falar, tem uma boa compreensão, porém, na hora de realizar os movimentos com a boca, ela não consegue.

Como o controle motor dos músculos responsáveis pela fala (boca, língua, bochecha, faringe, véu palatino) está muito alterado, o ato de falar se torna muito difícil para essas crianças, e como consequência, sua fala fica incompreensível.

Sinais da Apraxia de Fala na Infância

  • São considerados bebês quietos, vocalizam e balbuciam pouco;
  • Suas vocalizações apresentam poucas consoantes;
  • Muitas trocas na fala;
  • Vocabulário pobre e curto;
  • Dificuldade em achar o ponto articulatório do fonema (por exemplo: ao tentar falar boneca, sai poneca, moneca, doneca…. até finalmente conseguir chegar no boneca);
  • Alteração na melodia da fala;
  • Pode apresentar outras inabilidades motoras (dificuldade em se vestir, comer sozinho, correr, andar de bicicleta);
  • Sua fala é de difícil compreensão;
  • Pode ter dias melhores e dias melhores no que diz respeito a fala.

Diagnóstico e Tratamento.

O diagnóstico de apraxia de fala, é feito pelo fonoaudiólogo, porém pode ser necessário a intervenção de outros profissionais, como o terapeuta ocupacional e o neuropediatra.

Após uma investigação completa de todos os aspectos da fala, linguagem e motricidade oral da criança. Se confirmado o diagnóstico, o paciente deve começar imediatamente com a intervenção e terapia individual. Com o tratamento adequado o paciente pode ter uma melhora significativa nas habilidade da comunicação verbal.

Para saber mais sobre apraxia de fala na infância acesse o site: https://apraxiabrasil.org/

Transtorno Específico de Linguagem

O transtorno específico de linguagem (TEL), também conhecido como distúrbio específico de linguagem. É a dificuldade persistente em adquirir e desenvolver a fala e linguagem.

Muitas vezes, o atraso de fala  é decorrente de outras comorbidades. Como: Perda auditiva, autismo, deficiência intelectual, apraxia motora de fala, má formação estrutural dos músculos da face, síndromes, falta de estímulo ambiental. Entre outros.

Porém, a pessoa com TEL não apresenta nenhuma alteração. Ou seja, ela tem todas as condições físicas e intelectuais para desenvolver a fala, mas ainda assim, ela não consegue. 

Considerando que a aquisição da linguagem oral é um fator determinante para a aprendizagem da leitura e escrita. Pode-se concluir que a criança com transtorno específico de linguagem irá apresentar enormes dificuldades na fase de alfabetização. Gerando uma sensação de fracasso escolar, ansiedade, timidez e muitas vezes a criança passa a se isolar, pois os colegas de classe tem dificuldade de entender e conversar com ela. 

Quais as Causas do Transtorno Específico de Linguagem

O TEL é uma alteração da organização linguística, ou seja, o cérebro não consegue organizar os processos necessários para formar as palavras. A ciência já sabe que a origem do transtorno é genético, mas ainda não acharam um gene determinante para o TEL.

Sinais e Sintomas:

  • Aquisição de fala atrasada;
  • Dificuldade para combinar palavras;
  • Troca os sons da fala em idade onde não deveria ocorrer mais determinadas trocas;
  • Não consegue estruturar uma frase (não sabe usar de forma adequada pronomes, verbos, preposições);
  • Inversão de sílabas nas palavras;
  • Fala ininteligível (as pessoas não conseguem entender o que ela fala);
  • Dificuldade para relatar fatos ou contar histórias;
  • Não apresenta nenhuma outra comorbidade que explique a dificuldade de fala;
  • Tem estímulos de fala no ambiente em que vive e mesmo assim não desenvolve a fala.

Diagnóstico e Tratamento.

O diagnóstico do transtorno específico de linguagem é feito através de exclusão clínica, uma vez que é necessário ter certeza que o paciente tem todas as condições para desenvolver a fala e linguagem e o profissional da área (fonoaudiólogo) possa desenvolver estratégias terapêuticas adequadas com o caso.

Frequentemente é solicitado exames como: Audiometria, bera, P300, oftalmológico, neuropsicológico, E também avaliação de outros profissionais, como: Neuropediatra, psiquiatra infantil.

Dependendo do grau do TEL, a pessoa pode conviver com algumas dificuldade durante toda a sua vida, porém, o tratamento fonoaudiológico auxilia para que a pessoa consiga melhorar o desenvolvimento da comunicação e ter o processo de alfabetização dentro do esperado para sua faixa etária.

Marco de Desenvolvimento da Linguagem

Engana-se quem acha que linguagem é apenas o ato de falar. os conceitos de comunicação vão muito além disso. O marco de desenvolvimento da  linguagem começa a partir dos primeiros dias de vida e começa bem antes da aquisição da fala. Abaixo é possível observar o desenvolvimento da linguagem durante o crescimento do bebê

Marco de Desenvolvimento da Linguagem – 1 mês de vida aos 6 anos de idade

  • 1 a 3 meses – O bebê se comunica através do choro e faz alguns sons com entonação diferente. Se acalma com a presença de pessoas que cuidam dela. Sorri e presta atenção quando falam com ele.
  • 4  a 6 meses – Começa a procurar de onde está vindo o som. Usa gritinhos para se comunicar e tenta vocalizar quando alguém está conversando com ele.
  • 7 a 11 meses – Aprende a dar tchau, apontar, bater palma. Emite sons e tenta repetir palavras.
  • 12 meses – Já sabe seu próprio nome quando alguém o chama. Começa a falar as primeiras palavrinhas, faz imitação de ações e compreende ordens simples (“manda um beijo”, dá tchau”).
  • 18 meses – Já sabe formar frases curtas e simples com 2 a 3 palavras.
  • 2 anos – Tem um vocabulário maior, com aproximadamente 300 palavras. Já faz perguntas sobre as coisas (o que é isso?). Forma frases e compreende quando estão falando.
  • 3 anos – Nessa idade as pessoas já conseguem entender tudo o que a criança fala, porém ainda apresenta bastante erros. (gramaticais, inversão de sílabas e etc.).
  • 4 anos – A criança já questiona sobre as coisas e tem capacidade de contar e inventar histórias. Porém, ainda pode apresentar erros gramaticais na fala.
  • 5 anos – Tem um vocabulário semelhante de um adulto e fala corretamente. Sem trocas gramaticais ou inversão de sílabas na fala.
  • 6 anos – Começa a ser alfabetizado e inicia o processo de aquisição de leitura e escrita.

QUANDO DEVO PROCURAR UM PROFISSIONAL PARA O MEU FILHO?

Se o seu filho já completou 1 ano e 6 meses e ainda não fala, demonstra dificuldade para compreender quando estão falando com ela ou faz pouca imitação. Chegou a hora de procurar um fonoaudiólogo para avaliar e identificar quais as causas para o atraso da fala e linguagem.

Apraxia de Fala

Seu filho compreende tudo o que você fala, consegue seguir e executar ordens com facilidade, mas na hora que ele tenta falar parece que alguma coisa trava no meio do caminho e nada sai direito? Isso pode ser apraxia de fala.

O que é apraxia de fala

A apraxia de fala pode até parecer um problema de linguagem, mas na verdade é um problema motor. Isso porque a apraxia de fala é um distúrbio neurológico que afeta a execução motora dos sons da fala.

Ou seja, a criança sabe o que quer falar mas na hora de executar os movimentos motores necessários para produzir os sons da palavra ela não consegue, fazendo com que sua fala seja pouca compreendida.

Por se tratar de um diagnóstico pouco conhecido, sobretudo no Brasil, muitas crianças são diagnosticadas erroneamente com algum distúrbio de linguagem ou autismo, resultando em um tratamento inadequado e ineficaz.

Diagnóstico 

Por se tratar de um problema de fala, o fonoaudiólogo é o especialista qualificado para diagnosticar a apraxia de fala, e em alguns casos se faz necessário encaminhar o paciente para outros profissionais, como neuropediatra, terapeutas ocupacionais, entre outros;

Geralmente o paciente é diagnosticado a partir dos 2 anos, isso porque, antes dessa idade a criança não consegue compreender e nem executar os comandos solicitados pelo profissional.

Sintomas

  • São bebês quietos que produzem pouco som;
  • Dificuldade para produzir fonemas (vogais ou consoantes);
  • Trocas constantes na fala;
  • Fala ininteligível ou de difícil compreensão;
  • Pouca melodia de fala, apresentando uma fala monótona;
  • Apresenta dificuldades para fazer movimentos com a boca, como por exemplo, mandar beijo, estalar a língua, fazer bico seguido de sorriso; problemas de mastigação;
  • Frequentemente apresentam dificuldades na execução dos movimentos motores finos, como amarrar sapato, segurar um lápis, abotoar uma camisa ou amarrar um cadarço.

Tratamento

Felizmente, a apraxia de fala tem cura e quanto antes a criança iniciar as terapias, melhor o prognóstico. o tratamento vai de acordo com o grau de severidade, nos casos mais leves possivelmente somente a intervenção fonoaudiológica ajuda, porém, em alguns casos se faz necessário a intervenção multidisciplinar com terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e neuropediatras.